sábado, 5 de fevereiro de 2011

MANIPULAÇÃO DO TEXTO É A PRÓPRIA FORMA DE ENSINAR O ALUNO A ESTUDAR

Ensinar a ler hoje, não seria o mesmo que ensinar a ler ontem.

Antigamente, a preocupação máxima era a decifração de símbolos. Consistia somente em visualizar palavras e expressões impressas e pronuncia-las com correção. Faltava um motivo, um objetivo, algo que despertasse o interesse do aluno e que contribuísse para o seu desenvolvimento. Quase sempre o leitor nem sabia dizer o que tinha lido. Não pensava sobre o texto, passava os olhos, e enunciava as palavras apenas mecanicamente.


Hoje a função da escola, é ajudar o aluno a se comunicar melhor, desenvolvendo todas as suas potencialidades de raciocínio, de sensibilidade, de criatividade e imaginação, ajudando-o a expressar-se como pessoa que sente, pensa e age. Expressar bem as ideias, assim como criticar as mensagens recebidas, tornou-se uma necessidade básica na nossa sociedade.

A leitura é fonte de enriquecimento, de realização pessoal e de prazer. È ainda um processo dinâmico, é integração e, por isso um dos agentes responsáveis pela modificação do comportamento. É saber compreender, assimilar, julgar, raciocinar, interpretar, é encontrar soluções para problemas apresentados. È ainda extrair da pagina impressa todo o conhecimento, toda a satisfação, toda a riqueza que a leitura possa proporcionar. "vemos com os nossos olhos, nossas emoções".

A leitura compreensão, a leitura como processo de pensamento, leitura que envolve olhos, cérebro e emoções, só se estrutura pelo método que forma simultaneamente hábitos, atitudes e habilidades.


Portanto para ler com eficiência, as mensagens escritas, o aluno precisa de determinados automatismos, determinadas habilidades e atitudes. Precisa ser um leitor que interpreta, julga e critica as mensagens escritas, reflete sobre a matéria lida, distinguindo fatos de opiniões.



Professores estão sempre se queixando da leitura de seus alunos, e frequentemente observam as dificuldades que muitos de seus alunos encontram para interpretar os textos que lhes são indicados para estudo. Faltam as habilidades necessárias que são importantes para a compreensão do que está sendo lido, como sejam habilidades para identificar as varias fontes de informações, compará-las e selecioná-las; habilidades paralelas de escrita, como destacar e anotar o essencial, esquematizar informações, fazer um resumo, preparar um roteiro para um estudo, e, muitas outras são empregadas com frequência de maneira insatisfatória.

Mesmo na vida prática, é comum encontrarmos pessoas que completaram o ensino fundamental e não sabem tirar proveito da leitura de um jornal, de uma revista, de um romance, têm dificuldade para acompanhar direções escritas, não assimilam os termos de uma ordem de serviço, etc.

Hoje sabemos que isto não é leitura. O estimulo foi apenas levado ao cérebro, mas a leitura não se dá neste momento em que os olhos percebem os símbolos gráficos; os estímulos são enviados a mente que reage a eles e apenas os reconhece.

A leitura só se dará quando a mente reagir aos sinais, interpretando-os. Cada leitor adquire um ritmo próprio de leitura, de acordo com suas condições individuais, com os motivos que possuem, com as oportunidades de leitura que tiver e com o grau de dificuldades da matéria que está sendo lida.

Não basta o aluno reconhecer apenas os símbolos gráficos, pronunciá-los corretamente, é necessário, que interprete, analise, critique, e avalie etc. o que leu.

É importante que o aluno também seja iniciado no processo de saber viver o que leu, se identifique com personagens, imagens, diálogos, etc.



O processo interpretativo da leitura aponta para quatro componentes que são fundamentais:



1) Percepção, o reconhecimento do símbolo gráfico, a associação do símbolo a palavra que representa.



2) Compreensão, quando os olhos dão um significado aos símbolos gráficos, relacionando-os com sua própria experiência.



3) Reação, tanto intelectual quanto emocional; os alunos devem não apenas ler o texto, mas reagir intelectual e emocionalmente diante dos fatos e atitudes dos personagens, criticando-os, analisando-os e avaliando.



4) Integração, que diz respeito ao crescimento dos alunos, acrescentando novas ideias às que já possuíam anteriormente.



O aluno que, ingressa na vida escolar, já iniciou informalmente a aprendizagem da língua, quando participam das múltiplas situações de comunicação em que o lar e a comunidade o oferecem, ora como receptor, ora como emissor.

À medida que os anos passam, o aluno vai adquirindo mais independência na leitura, e seu domínio depende não apenas das palavras lidas, mas, sobretudo da acuidade intelectual, da sensibilidade e da experiência, para apreender o sentido da página impressa.


A aprendizagem da leitura não atinge seu total desenvolvimento nesta ou naquela série. O aperfeiçoamento do ato de ler é um processo continuo e crescente que se consolida a medida que é exercitado.

Na 1ª Série, o aluno se encontra no "estágio de operações concretas", e então dará realce aos aspectos imediatos do seu linguajar, pois ele consegue estruturar, somente aquilo que corresponde a sua vivência presente. Logo, a linguagem usada nesta fase, deve estar bem relacionada com a que ele já vem trazendo do lar. .

Nesta fase também, o aluno dedica maior tempo com o aprender a ler, com a aquisição de automatismos, aumentando seu vocabulário básico visual e desenvolve sua capacidade de reconhecer palavras novas pelo contexto, pela associação, pela análise detalhada de palavra.

Um dos principais objetivos do "estágio de operações concretas" é fazer o aluno compreender o que é leitura. Ajudá-lo a perceber a relação existente entre a palavra impressa e a falada. Colocando o aluno em contato com símbolos escritos, ainda que não tenhamos o intuito de ensiná-lo a ler, estaremos proporcionando a ele oportunidade de conhecer pedaços de sentenças, expressões e palavras que tivermos o cuidado de repetir muitas vezes. É a leitura incidental que surge espontaneamente do contato com os símbolos.

Muito importante para ser discutido com o professor nesse estágio inicial da leitura, se refere ao método que deve ser utilizado para que o aluno seja iniciado no processo de leitura. Qualquer método pode conduzir a aprendizagem da leitura. A diferença entre eles está na maneira como o processo é desenvolvido, levando a aquisição das habilidades, dos hábitos e das atitudes desejáveis, em leitura. Não há método puro e nem especial para o aluno aprender a ler professor! Não há método perfeito. Todos os métodos sintéticos chegam à análise, e os analíticos chegam à síntese.

Nenhum método atende a todas as necessidades de todos os alunos e nem mesmo a todas as necessidades de um aluno apenas. Assim discutido, o professor não deve ser escravo de um determinado método oficialmente adotado, mas deve estar sempre em busca do melhor, mais adequado e eficaz, para seu aluno.

Na verdade enquanto o aluno constrói a leitura e a escrita, o professor constrói a sua competência. Eu sempre costumo dizer que o melhor método é aquele que o professor tem segurança, que acredita, e que possa no final chegar ao objetivo desejado, que é o aluno aprender a ler.

Professor, se ensinar a ler e a escrever fosse tarefa fácil, não estaríamos até hoje procurando vencer este desafio, buscando novas teorias, novas formas pedagógicas de ensinar.


Um outro aspecto que desejo discutir com o professor é em relação ao contato inicial que o aluno deve ter com o livro. Deixe o aluno manusear e folhear o livro para descobrir suas características gráficas, como ilustrações, número de páginas, capa, as cores, etc. Uma conversa dirigida com o aluno a respeito do nome do livro: o que acham desse nome, o autor que escreveu o livro, (quem é, se já ouviu falar, se sabe onde mora, se tem outros livros escritos, etc.).

Em relação ao prefácio, o professor deve fazer uma leitura, enquanto os alunos acompanham, "mesmo que eles ainda não saibam ler, mas pode criar uma expectativa pelo o que está escrito." Comentando o que é prefácio, a mensagem do autor, o que entenderam, o que não entenderam etc.

Esse contato inicial é importante como motivação, pois desperta a curiosidade do aluno e o consequente interesse em ter um contato mais próximo e contínuo com o livro.


Na 2ª Série, começa a fase de desenvolvimento das habilidades e atitudes. O aluno vai se firmar naquilo que obteve na 1ª série, e na compreensão do que está sendo lido. Esta compreensão constituirá o alicerce para a leitura informativa e recreativa.

Na 3ª Série, o aluno atinge o estágio de desenvolvimento de leitura, começa a ler com compreensão grande variedade de materiais, inicia o processo de ler independentemente para buscar informações e prazer, sendo motivado pela curiosidade, dúvidas e problemas.

O aluno habituado desde cedo a busca de informações ou a pesquisa em diversas fontes bibliográficas vai adquirindo de maneira gradativa as habilidades necessárias, e desenvolvendo o hábito e gosto de estudar sozinho. Quando essas experiências são realizadas com frequência dentro ou fora da sala de aula, o aluno vai descobrindo a emoção e os encantos que a leitura pode proporcionar.

Na 4ª Série, o aluno é iniciado no estágio  rápido e velocidade da leitura. Aqui o aluno deverá ler uma diversidade de material de leitura para pesquisar, para analisar, para selecionar e sintetizar informações.

Deverá ler para divertir-se e encontrar soluções para os problemas relativos às outras disciplinas do currículo, sempre, porém orientado e mediado pelo professor.


Os textos indicados para os alunos na faixa etária de nove, dez ou onze anos de idade aproximadamente, devem ser simples, mas atraentes e que dinamizem os interesses dessa idade exigente e curiosa.

As preferências por estórias, aventuras e ficções, ultrapassam os limites da idade cronológica, para buscar nos textos lidos o deleite para sua imaginação. A escola deve proporcionar a leitura de textos bastante diversificados, como textos de jornais, revistas, textos literários, poesias, textos apresentando propagandas, textos de divulgação científica, textos jornalísticos, textos teatrais, textos apresentando literatura de cordel, etc.


O livro básico, usado como meio poderoso para transmitir mensagens e conhecimentos linguísticos deve também recrear, inspirar o aluno para o desenvolvimento da criatividade e conter, sobretudo elementos psicológicos que atendam os interesses do pequeno ledor.

Chegando ao final da 4ª Série, o aluno deverá ser capaz de comunicar-se melhor, recebendo e transmitindo mensagens, utilizando a leitura como meio para enriquecer suas experiências, corrigindo as falhas linguísticas, divertindo-se, estimulando a criatividade e encontrando soluções para os problemas relativos as outras disciplinas.

Nas séries seguintes, o aluno adquire "independência, rapidez, velocidade e domínio na leitura". Domínio não só da decifração e análise de palavras, mas da própria leitura, o que implica compreensão e interpretação do contexto.

Muitas situações da vida exigem leitura rápida, como por exemplo, legendas de filmes e textos os mais diversos que passam rapidamente diante dos olhos.


O professor deve ajudar o aluno a melhorar essa velocidade, fazendo-o ler com bastante frequência e melhorando sua habilidade em perceber todos os elementos significativos. É importante que o aluno se torne capaz de extrair das mensagens escritas, toda a sua significação e, mais ainda, se habilite a interpretar os propósitos e as intenções do autor, para que cultive o gosto pela leitura e chegue a valorizá-la a ponto de considerá-la uma necessidade permanente.

A leitura está intimamente relacionada com o crescimento integral do ser humano, é fator preponderante na formação do cidadão, de êxito na escola, e de ajustamento à vida de todos os dias.



Alguns fatores que interferem na aprendizagem da leitura:



* Fatores psicomotores;

* Baixo nível mental dos alunos que chegam à escola;
* Fatores ambientais; saúde física e emocional;
* Pouca maturidade emocional, social, cultural, etc., provocando um desequilíbrio múltiplo, interferindo profundamente no convívio com outros alunos;
* Baixo desenvolvimento anátomo-fisiologico;
* Pouca experiência trazida do lar para a escola. Alunos de um meio sociocultural menos favorecido apresentam um desenvolvimento linguístico insuficiente, e, poucas habilidades para o desenvolvimento da capacidade de pensar;
* Alunos subnutridos. A desnutrição causa sérios prejuízos ao sistema nervoso central e afeta o desenvolvimento das habilidades;
* Problemas de deficiência auditiva e visual;
* Desordens emocionais e psíquicas;
* Carência afetiva, frustrações, elaboração não adequada de situações emocionais vividas, hiperatividade, desatenção;
* Pouco relacionamento professor/aluno;
* A incompetência da instituição escolar no desempenho do seu papel social;
* O grau de abertura que o professor oferece as perguntas e indagações dos alunos;
* Falta de uma boa proposta pedagógica;
* Objetivos mal definidos e aulas mal planejadas;
* As mesmas atividades para alunos fortes e fracos;
* Falta de atendimento as diferenças individuais;
* Falta de recursos adequados para as diferentes aprendizagens;
* Textos de leitura não atendem aos interesses do aluno;
* Falta de conhecimento teórico do professor, no que se refere aos distúrbios e dificuldades de aprendizagem;


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