sábado, 29 de janeiro de 2011

APRENDER A LER E ESCREVER ALTERA A FORMA DE FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO

Abaixo posto uma reportagem de Lígia Formenti e Alexandre Gonçalves, do jornal "O Estado de S.Paulo", publicada em 11/01/11.


Um estudo realizado pelo Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah, juntamente com alguns cientistas de Portugal, França e Bélgica, demonstrou que aprender a ler e escrever altera a forma de funcionamento do cérebro.
Essa pesquisa foi realizada por meio de ressonância magnética e mapeou a atividade cerebral de analfabetos e de alfabetizados na infância e na idade adulta, como resposta descobriu que a área dedicada ao reconhecimento facial acaba se tornando "especialista" no reconhecimento de palavras.


Uma área inicialmente dedicada ao reconhecimento facial se torna "especialista" no reconhecimento de palavras. Isso, no entanto, não significa que alfabetizados percam a capacidade de identificar rostos. Muito embora, nos testes, os analfabetos apresentaram um desempenho superior aos alfabetizados no reconhecimento de faces.

"Outras pesquisas precisam ser realizadas. Mas a nossa suspeita é de que, em pessoas alfabetizadas, o reconhecimento de rostos em parte seja transferido para outra região cerebral", disse Lúcia Braga.

Estímulos. A pesquisa analisou exames de ressonância magnética feitos em 63 voluntários. O grupo, formado por brasileiros e portugueses, teve a atividade cerebral mapeada enquanto era submetido a estímulos, como ouvir frases, ver palavras, rostos e outras imagens. Dos voluntários, 10 eram analfabetos, 22 haviam sido alfabetizados na idade adulta e outros 31 aprenderam a ler e escrever ainda na infância.

Os exames mostraram que o grupo de pessoas alfabetizadas apresentou uma atividade mais acentuada nas áreas do córtex associadas à visão.

Além disso, pesquisadores notaram que houve também um aumento das respostas do cérebro relacionadas à identificação de fonemas. "Isso de certa forma explica por que analfabetos não conseguem fazer a supressão do som de uma palavra: como anana de banana", contou Lúcia.
As mudanças nas redes neurais foram identificadas nas pessoas escolarizadas desde a infância e naquelas que aprenderam a ler na fase adulta.

"Os ganhos foram evidenciados nos dois grupos", explicou a coordenadora da pesquisa.
Essa "adaptação" do cérebro é explicada por Lúcia. "A escrita é algo relativamente novo na história da humanidade para ter influenciado uma mudança genética", disse. A saída encontrada pelo cérebro foi reciclar áreas anteriormente reservadas a outras funções para atender às novas demandas. "Quanto mais estudamos, mais conexões cerebrais nós temos", completa.

Para Lúcia, os resultados do trabalho reforçam a importância da leitura, uma espécie de "musculação", para o cérebro. "Vemos isso diariamente no trabalho de reabilitação feito no Sarah. Os resultados do trabalho são muito mais rápidos em pessoas que têm cérebro exercitado do que as que não têm."

A Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação é especializada em tratamento e pesquisa sobre paralisia cerebral, espinha bífida, traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, doenças neuromusculares e problemas ortopédicos.

Ao todo, nove unidades integram a rede - um hospital e um Centro Internacional de Neurociências e Reabilitação, em Brasília, e unidades hospitalares em mais sete capitais.


Referência Bibliográfica
O que as empresas querem dos jovens


Segundo pesquisa recém-formados devem ter “personalidade”; o item ficou a frente de “competências” e “conhecimento”.

Por Rômulo Martins


O que as empresas querem dos jovens
Que o bom profissional precisa ter conhecimento técnico, estar alinhado às competências comportamentais valorizadas pelo mercado e antenado nas tecnologias e tendências na área de atuação você já sabe. Agora as empresas querem mais dos jovens recém-formados. É o que aponta uma pesquisa realizada em 20 países (incluindo o Brasil) pela consultoria alemã Trendence, publicada recentemente na revista Época.


Segundo o estudo, além de todos os requisitos exigidos pelo mercado, daqui em diante a geração high tech (ou podemos dizer a geração Y)  deve ter “personalidade”. O fator foi considerado mais importante que “competências” (saber prático) e “conhecimento” (teórico). O Brasil está em terceiro lugar no quesito “personalidade”.
A pesquisa traz outros dados. Dentre os 20 países participantes o Brasil aparece em primeiro no item “mostrar flexibilidade” (70%) e em terceiro na opção “ser capaz de atuar em equipe” (76%).
Ainda de acordo com o levantamento, entre as 19 qualidades necessárias para o sucesso as empresas brasileiras consideram mais importantes: liderança e habilidade para tomar decisões e ética. Visão holística e espírito empreendedor também foram apontados como características essenciais.
“As relações de trabalho mudaram, e o mercado aponta para uma crescente valorização das características comportamentais”, diz Paula Souto Sanches, analista de carreira da Veris Faculdades, do Grupo Ibmec Educacional. Segundo Paula, as mudanças são puxadas pelo acesso à universidade e pela competitividade do mercado.
“Nas últimas etapas de um processo seletivo observamos que os candidatos possuem praticamente o mesmo nível técnico. Daí a necessidade de o profissional desenvolver suas características comportamentais como diferencial em um mundo cada vez mais competitivo.”
Pronto para o mercado

Pesquisa da Trendence revela também que os jovens recém-formados precisam melhorar os seguintes pontos:
 falta de experiência profissional e conhecimento prático;

 baixa capacidade de adaptação ao ambiente de trabalho;

 habilidades sociais, atitude e etiqueta no trabalho.

 
Fábia Barros, gerente de desenvolvimento da Foco Talentos, afirma que a melhor forma de aprender a usar a personalidade a favor da carreira e de adequar o comportamento à realidade do universo corporativo é participando de projetos profissionais ainda durante a formação universitária. “É preciso sair da mesmice da faculdade, envolver-se em trabalhos voluntários, empresas juniores, estágios, realizar cursos complementares.”


Segundo Fábia, identificar modelos de lideranças e trocar experiências com estes e outros profissionais da área são, da mesma maneira, importantes para começar bem a carreira. “Ative o networking desde já”, recomenda.

SINDROME DE ASPERGER - ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO

Um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica.
Embora a expressão "cada caso é um caso" já esteja velha e cansada de tanto uso, não há dúvida que continua muito actual. Se a partir de um caso concreto pudéssemos fazer generalizações, então tudo seria mais fácil, pois teríamos finalmente encontrado a receita pela qual tantas vezes suspiramos. Tudo isto para dizer que, embora não existam receitas relativamente à melhor forma de lidar com jovens com a síndrome de Asperger, existem algumas estratégias que ao serem usadas na sala de aula ajudarão a dar resposta às necessidades educativas especiais destas crianças. As sugestões que aqui serão apresentadas são gerais, tendo por isso de ser ajustadas às necessidades únicas de cada criança portadora desta síndrome.

As mudanças, ainda que mínimas, e a incerteza são fontes de grande ansiedade para estas crianças, sendo por isso fundamental criar-lhes um ambiente marcado pela previsibilidade e segurança, onde as transições sejam minimizadas. A existência de rotinas consistentes e a preparação prévia para qualquer eventual surpresa é fundamental para o seu bem-estar.

Pelo fato de estas crianças apresentarem grandes dificuldades em compreender as complexas regras de interacção social e consequentemente não saberem interagir têm muita dificuldade em estabelecer laços de amizade, acabando frequentemente por funcionar como bodes expiatórios. Esta característica implica que crianças com esta síndrome devam ser alvo de maior proteção e devam ser mais incentivadas a envolverem-se com os pares. Estas crianças devem também ser ensinadas e treinadas a estabelecer interacções bidireccionais e a desenvolver um reportório de respostas a usar em várias situações sociais. Mobilizar um colega mais sensível, no sentido de lhe dar um apoio especial quer no interior, quer no exterior da sala de aula, pode também ser muito útil.

Um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica. Uma estratégia para lidar com esta situação é usar as fixações da criança para abrir o seu reportório de interesses. Se a criança só se interessa por estudar os animais, pode, por exemplo, ser levada a interessar-se pela floresta (casa dos animais) e por tudo aquilo que lhe está associado. Limitar o tempo em que é permitido à criança falar sobre os seus interesses específicos e usar o reforço positivo para aumentar a frequência do comportamento desejado são também estratégias geralmente eficazes.

Uma outra área fraca destas crianças é a concentração, uma vez que estas estão frequentemente mergulhadas no seu complexo mundo interior. Para fazer face a esta situação, é fundamental o professor estruturar muito bem as atividades e colocar estas crianças nas carteiras da frente. Além disto, poderá também ser vantajoso o uso de sinais não verbais, por exemplo, um toque no braço, sempre que a criança não estiver atenta.

Embora, na maioria dos casos, as crianças com síndrome de Asperger tenham uma inteligência média ou um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica.
Embora, na maioria dos casos, as crianças com síndrome de Asperger tenham uma inteligência média ou acima da média (especialmente na esfera verbal) e uma excelente memória, apresentam dificuldades de compreensão, um baixo nível de abstracção e défices na resolução de problemas. Atendendo às razões expostas, é importante que estas crianças tenham um currículo académico altamente individualizado e estruturado de forma a obterem sucesso. Em determinados casos poderá também ser benéfico que beneficiem de explicações adicionais, sobretudo se os temas a estudar forem abstractos.

No que se refere à avaliação, tendo em conta que se tratam de crianças com necessidade educativas especiais permanentes (Decreto-Lei n.º 6/2001), têm todo o direito de beneficiar de uma avaliação individualizada que vá de encontro a essas mesmas necessidades, assim como também usufruir das diferentes medidas de apoio que a escola disponha e que os professores considerem necessárias.