sábado, 29 de janeiro de 2011

SINDROME DE ASPERGER - ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO

Um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica.
Embora a expressão "cada caso é um caso" já esteja velha e cansada de tanto uso, não há dúvida que continua muito actual. Se a partir de um caso concreto pudéssemos fazer generalizações, então tudo seria mais fácil, pois teríamos finalmente encontrado a receita pela qual tantas vezes suspiramos. Tudo isto para dizer que, embora não existam receitas relativamente à melhor forma de lidar com jovens com a síndrome de Asperger, existem algumas estratégias que ao serem usadas na sala de aula ajudarão a dar resposta às necessidades educativas especiais destas crianças. As sugestões que aqui serão apresentadas são gerais, tendo por isso de ser ajustadas às necessidades únicas de cada criança portadora desta síndrome.

As mudanças, ainda que mínimas, e a incerteza são fontes de grande ansiedade para estas crianças, sendo por isso fundamental criar-lhes um ambiente marcado pela previsibilidade e segurança, onde as transições sejam minimizadas. A existência de rotinas consistentes e a preparação prévia para qualquer eventual surpresa é fundamental para o seu bem-estar.

Pelo fato de estas crianças apresentarem grandes dificuldades em compreender as complexas regras de interacção social e consequentemente não saberem interagir têm muita dificuldade em estabelecer laços de amizade, acabando frequentemente por funcionar como bodes expiatórios. Esta característica implica que crianças com esta síndrome devam ser alvo de maior proteção e devam ser mais incentivadas a envolverem-se com os pares. Estas crianças devem também ser ensinadas e treinadas a estabelecer interacções bidireccionais e a desenvolver um reportório de respostas a usar em várias situações sociais. Mobilizar um colega mais sensível, no sentido de lhe dar um apoio especial quer no interior, quer no exterior da sala de aula, pode também ser muito útil.

Um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica. Uma estratégia para lidar com esta situação é usar as fixações da criança para abrir o seu reportório de interesses. Se a criança só se interessa por estudar os animais, pode, por exemplo, ser levada a interessar-se pela floresta (casa dos animais) e por tudo aquilo que lhe está associado. Limitar o tempo em que é permitido à criança falar sobre os seus interesses específicos e usar o reforço positivo para aumentar a frequência do comportamento desejado são também estratégias geralmente eficazes.

Uma outra área fraca destas crianças é a concentração, uma vez que estas estão frequentemente mergulhadas no seu complexo mundo interior. Para fazer face a esta situação, é fundamental o professor estruturar muito bem as atividades e colocar estas crianças nas carteiras da frente. Além disto, poderá também ser vantajoso o uso de sinais não verbais, por exemplo, um toque no braço, sempre que a criança não estiver atenta.

Embora, na maioria dos casos, as crianças com síndrome de Asperger tenham uma inteligência média ou um entrave à aprendizagem das crianças com esta síndrome é o seu limitado campo de interesses. Frequentemente, estas apresentam uma fixação numa determinada área e recusam aprender tudo o que não se enquadra nessa área específica.
Embora, na maioria dos casos, as crianças com síndrome de Asperger tenham uma inteligência média ou acima da média (especialmente na esfera verbal) e uma excelente memória, apresentam dificuldades de compreensão, um baixo nível de abstracção e défices na resolução de problemas. Atendendo às razões expostas, é importante que estas crianças tenham um currículo académico altamente individualizado e estruturado de forma a obterem sucesso. Em determinados casos poderá também ser benéfico que beneficiem de explicações adicionais, sobretudo se os temas a estudar forem abstractos.

No que se refere à avaliação, tendo em conta que se tratam de crianças com necessidade educativas especiais permanentes (Decreto-Lei n.º 6/2001), têm todo o direito de beneficiar de uma avaliação individualizada que vá de encontro a essas mesmas necessidades, assim como também usufruir das diferentes medidas de apoio que a escola disponha e que os professores considerem necessárias.

Um comentário:

  1. Excelente e conciso! Me ajudou muito a modificar um esquema tradicional de ensino, o qual prejudicava muito meu paciente.

    ResponderExcluir